quarta-feira, 7 de março de 2018

A GRAÇA

Os meus olhos se abriram, como quem estava cercado por um mundo inteiro de ilusões, que naquele momento, se desfazia. A verdade num instante me apareceu e eu vi a  Deus. Vi o quão grande Ele é, santo... e a glória que vinha Dele, iluminou tudo que estava escuro e eu não pude me esconder, e eu vi, e eu pude enxergar o pecado em mim, á minha volta. Toda a sujeira,  cada pequena mancha. Vergonha, desespero, medo, e eu pensei que não iria sobreviver. Pensei que naquele instante, tudo estava acabado.
Mas, Ele me amou, só me amou.
Como? Como Ele me amou? E Ele me escolheu, me acolheu, me ofereceu perdão, mais que somente perdão, me ofereceu também restauração, restituição, honra, adoção.
E eu pensei, mas, eu não consigo, eu não posso, eu não mereço.
E Ele me disse; Eu quero!
E Ele fez tudo.
Anos já se passaram desde este dia tão absurdo, em que Deus me amou.
Quando me lembro disso eu caio de joelhos e fico constrangida novamente, maravilhada.
A gratidão e a alegria desta obra, me fizeram serví-lo e desde então eu desejo conhcê-lo, estar com Ele, pertencer a Ele. Por um só motivo; porque esta obra, tudo isso que Ele fez e ainda faz na minha vida, é a graça, eu não posso e não quero resistir a ela. A graça me leva a amá-lo todos os dias.
É tão simples, tão lindo. Como não querer dividir esta graça? Mostrá-la a outros? Dizer; Vem, Deus quer você também!
Esta obra não pára, Deus não desiste de nós. Imperfeitos nós somos, mas, Ele não nos lança fora...
Depois de tanto tempo, eu adquiri rótulos, adjetivos. Eu sou crente, sou santa, salva, sou de Deus, ungida, cristã, evangélica...e eles dão a ilusão que a obra está pronta, eu nunca acreditei nisso, mas, talvez as pessoas pensem assim, de mim, de outros, de si mesmos ou uns dos outros. Talvez alguns se escondam atrás desta imagem de perfeição.
Ah, eu fiz um desafio amargo a mim mesma, de que faria um raio x de quem eu sou, eu queria saber.
Depois desse tempo todo, quem eu sou hoje? Não pensando no que eu já mudei, mas, no que ainda há por fazer. Começei a escrever, a confessar, os pecados que ainda cometo, o que eu deveria fazer para Deus e não faço, quais são os hábitos que entristeçem ao Senhor, o que eu sinto, penso, digo. Tudo, cada pequena coisa. O que é quase irrelevante e o que é mesmo inconfessável.
Me peguei tentando amenizar as coisas, maquiá-las um pouco, omití-las. Resisti a tentação, confessei, confrontei o orgulho, pedi a Deus que tirasse a venda do engano.
Foi como mastigar areia (imagino), desagradável, desconfortável. Escrevi, mais páginas do que imaginei a princípio, mais páginas do que gostaria de ter escrito, e ainda nem acabei, não ousei colocar um ponto final na lista, porque cada vez que a leio, me lembro de mais alguma coisa e acrescento mais um tanto.
Estes são os meus pecados, os meus erros, os meus defeitos.
Quando leio fico triste, o orgulho, aquele ar superior de religiosidade desaparece. Essa sou eu.
Volto exatamente naquele momento em que vi a Deus pela primeira vez, abaixo a cabeça, e agora eu sei que preciso tanto dele agora quanto precisava antes. E me sinto culpada, mas, eu ainda sou isso?
Choro, muito. E por incrível que pareça sinto Deus alegre. Ele se alegra e me ama. Mas como Deus? Eu deveria ser tão melhor, eu já te conheço agora. Pai, me perdoa, tem compaixão de mim.
E Ele se alegra e me ama, porque estou adorando em espírito e em verdade, humilde, sei exatamente quem eu sou, reconheço quem ELE é, preciso desesperadamente dEle.
Estou vulnerável, quebrantada. Só assim posso experimentar a graça. Voltei ao primeiro amor, porque não me sinto maior que os outros, mas, menor.
Porque voltei a sentir tristeza pelo pecado, arrependimento. E o amor de Deus enche novamente a minha vida.
Simplicidade, verdade. Quem muito é perdoado, muito ama.
Eu não olho paro o "pecador" de cima, não existe um pedestal. Eu o olho nos olhos, de igual para igual, não com repulsa, mas, com compaixão.
Com paixão. Sabendo que o mesmo Deus que me sustenta ainda hoje, está disponível a ele. Eu não posso julgá-lo, como poderia?
Ele só está cego, eu também já estive, ás vezes ainda fico. Não posso esquecer, tenho que levar a Luz até ele. Ele tem que saber que pode contar comigo, que eu fui levantado para levantá-lo não para ostentar estar de pé. Assim podemos ser a Igreja. Não há limites, não há acepção para o perdão e para o amor de Deus.
Nada pode me separar do seu amor, nada pode separar ninguém do seu amor, nada.
Todos pecaram, todos pecam... E as misericórdias do Senhor se renovam, a cada manhã.
Ele me diz; Filha, onde foi que nós paramos?
E eu volto a ser moldada por Ele, aperfeiçoada, construída. E eu quero ser como Ele, por amor.
Voltamos a lutar, carne x espírito, numa guerra constante, mas, Ele está comigo, tudo posso.
Eu peço a Ele todos os dias, assim que acordo; Pai, não me deixe cair! Ele segura a minha mão e me conduz!
Ah, não há outro igual. Eu não posso resistir.
A minha alma grita.............
Eu te amo Deus! Obrigada pela sua graça!

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Porque eu sei que é amor...



Ah, eu te amo, não diz nada. Acredito mais em quem economiza um pouco essa frase, valoriza e escolhe bem quando dizer. Eu te amo ficou banalizado, é usado como arma, como chantagem, como poder de persuasão.  E pode dizer muitas coisas, menos o que deveria.

Amor assim desinteressado...  “...Porque eu sei que é amor, eu não peço nada em troca...” Ama-se pelo que o outro tem e pode proporcionar. Bens, favores, ou sensações. Ama-se o sentimento do outro, porque faz bem pro ego, traz segurança. Ama-se um corpo, a pele, a troca de toques e carinhos. Ama-se o status e os títulos, os adjetivos. Ama-se, enquanto o outro tem alguma utilidade. Mas amor desenteressado?

“...Mesmo que você, não esteja aqui, o amor está aqui, agora...” E quando o amor não é possível, não é acessível, quando o amigo vai morar longe, quando a morte chega. O amor fica. E se por acaso se dissipa com a distância, a ausência ou a impossibilidade, era outra coisa, mas não era amor.

Amor assim interessado... Quem te ama, tem interesse real pela sua vida, pelo que se é, sente, pensa e diz. “...Porque eu sei que é amor, sei que cada palavra importa...” O amor fortalece a memória até dos mais distraídos. Faz lembrar-se do que foi dito há anos, grava gostos, preferências, histórias. Constrói uma descrição particular e detalhada do que magoa, faz rir, do que importa. Preocupa-se em perguntar; está tudo bem? Querendo realmente saber, desejando que esteja e se não estiver, o que posso fazer para ficar?

“...Mesmo sem porquê, eu te levo assim, o amor está em mim, mais vivo...”
 Sem por que, quando a utilidade vai embora, quando não se tem nada a ganhar. Quando não há razão aparente, nenhuma vantagem. Eu não te amo mais, geralmente quer dizer; eu não tenho, não quero, ou não preciso mais do que você pode oferecer. Então o interesse vai embora quando a necessidade não é suprida, quando não se consegue o que quer. Não era amor, era um negócio, um negócio qualquer...

 Egoísta é despertar o que não se pode corresponder, é exigir o que me supre sem providenciar o que lhe falta. Pegar o que eu preciso e ir embora.  Amor nunca vai ser igual, mas pode ser equivalente, equilibrado, justo. “... Eu peço somente, o que eu puder dar, porque eu sei que é amor, porque eu sei que é amor...”.


Desculpa aí pra quem não gosta de Titãs, eu gosto de música que me faz pensar, essa rendeu até um texto...  

Kelly Rodrigues.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Falta alguma coisa...

Sentir falta é uma dor chata, um incômodo constante, oscilante, ora suportável, ora ensurdecedor. Falta uma peça, alguém, um sentir, algo, um algo mais... E se falta algo, nada faz sentido, não funciona completamente. O paradoxo do quase... Porque quase? O que falta afinal?

Mas para a falta, nem sempre há resposta, não é saudade, saudade tem endereço certo com remetente e destinatário, sabemos de quê, quando ou de quem. Sentir falta geralmente é um ponto de interrogação perturbador, ou imensamente complexo ou absurdamente simples. Falta algo, falta pouco. Então se falta pouco é porque se tem muito, quase tudo. E sentir falta, olhar para este espaço vago é ainda sentir culpa pela própria insatisfação.  

A falta pode ser lógica ou ilusória, pode ser apenas uma cegueira parcial. Nesta, na verdade nada falta, sentimos falta por não enxergar que já temos tudo, ou melhor, que já temos o suficiente.
E a falta de algo pode ser uma estranha falta de si mesmo, e então o sentimento de uma vida incompleta, vem de algo dentro de nós que precisa ser sarado, superado, transformado para que os olhos tenham a visão real e exata do que temos á nossa volta.

Mas quando ela, a falta, realmente existe, quando há realmente o que se encaixar no vazio, não há como se distrair, a falta vai se impor insistentemente e consumir até ser saciada. O que preencher no vazio da falta? Seria apenas um seixo ou um diamante? O valor é medido com a intensidade e a urgência que ela nos imprime a insuficiência, a insatisfação.


Shakespeare disse que sofremos muito com o pouco que nos falta e aproveitamos pouco o muito que temos. Eu sinto que deve existir um equilíbrio inteligente entre ser um ingrato, cego e insatisfeito e um acomodado, inerte e infeliz.

Kelly Rodrigues.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Filho meu! :)



Walter significa; aquele que comanda um exército. 
E de comandante ele tem; iniciativa de ir á frente, resignação pelo propósito, resistência nas lutas, e força para recomeçar. Durante a marcha ele observa o ritmo de todos, se cansa, mas não se entrega, se preocupa com os feridos, se ocupa em cuidá-los e motivá-los. Tem um coração nobre e mole, fala da boca pra fora na raiva e faz piada para consertar.

 Nós brigamos ás vezes... muitas vezes... quase sempre... sempre que nos falamos. Temos como condição que as brigas sejam bem feias, como se nunca mais fossemos nos falar outra vez, aí ficamos um dia sem conversar só pra não perder o hábito mesmo e depois fazemos as pazes como se nada tivesse acontecido.

Nos divertimos fazendo bullying do bem, que num é tão do bem assim, mas a gente se entende. Eu o chamava de porta, bruto como uma porta... mas não chamo mais porque não é verdade. Eu o chamo de filho, porque ele ia todos os dias pra minha casa, tomava banho, jantava e dormia no sofá, então parecia meu filho porque era quase morador, não é porque eu cuido dele como uma mãe, na verdade mesmo, nos cuidamos como irmãos, de igual pra igual. E eu o chamo de gordo, mas isso é porque ele é gordo mesmo.  Adoro abraçar e bater, soco no braço é o melhor golpe... kkkkkkk e nem preciso correr porque ele nunca tem coragem de me bater kkkkkkk. 
 
Parceiros de brigas, de projetos e de sonhos. Eu ensaiei durante dias com medo de contar que ia morar longe,  nós choramos e ainda sentimos falta da convivência, mas nunca ficamos realmente distantes porque participamos da vida um do outro, oramos, e estamos sempre juntos em todas as lutas e em todas as conquistas. O que eu sei é que você quer construir uma família linda e conseguirá, um reino para Cristo e será capacitado, propósitos para além de si mesmo, eu tenho e terei orgulho quando ver isso realizado, e já está a caminho, já está acontecendo. E além do orgulho eu ficarei feliz em te ver feliz!


Já o sonho do 147 eu vou ficar feliz de ver você feliz, mas não vou ter lá muito orgulho não, tá?


Feliz Aniversário, filho, irmão e amigo! Te amoo!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O antídoto para inveja...


“Então o gênio concedeu um desejo para cada um e disse ao invejoso e ao ganancioso; o que desejares eu concederei e darei em dobro ao outro. Angustiados com a proposta que poderia beneficiar mais o outro, nenhum dos dois queria ser o primeiro a escolher o desejo. Até que o ganancioso resolveu... Eu quero que o senhor me fure um olho!”

A inveja deseja ter mais do que o outro tem, e se instala em pares, se identifica nos pontos fortes que temos ou gostaríamos de ter. Não tenho inveja de um nadador, mas tenho de um escritor de sucesso, pois também escrevo e penso então que poderia ser eu em seu lugar. Quem inveja, vê no outro o que lhe falta, e se incomoda, se entristece com a beleza, os bens, a alegria do outro.

A ganância deseja que o outro não tenha nada, deseja o seu mal e se alegra nele. É um tipo de inveja superlativa que grita o sentimento; se eu não tiver, ele também não terá. O sentimento que faz aceitar um olho furado, desde que o outro tenha os dois. E ambas; a inveja e a ganância são resultado da extrema falta de amor, amor próprio e pelo próximo, desfigurando assim a imagem e semelhança de Deus nos homens.

O invejoso menospreza e persegue, se alegra quando detecta uma falha, coloca uma lupa sobre ela, na esperança de que todos a percebam. Orgulha-se de tê-la encontrado, tenta mostrar indiferença, mas revela a verdade no ditado; quem desdenha quer comprar.

O antídoto para o invejoso é a gratidão. Só é grato quem entende que o que possui é imerecido, é grato porque foi agraciado, não tem o que reivindicar, não tem compulsão por recompensa.  Agraciado, satisfeito, e saciado. Um coração assim está tão maravilhado com seu privilégio, que ousa se alegrar com a alegria dos outros, não mede se é maior ou menor que sua própria.

Se começar a surgir algum sentimento semelhante em seu coração, começe a analisar o que você tem, quem você tem, suas qualidades, suas vitórias e seu potencial. A ambição não é ruim, pode simplesmente nos inspirar a conquistar, sem ter que usurpar de alguém.

Se sentir um olhar cobiçoso sobre você, se ele vem com um peso que incomoda a alma, de alguém que te deseja e te faz o mal. Não há outro remédio... Deseje e ore para que nenhum mal o alcance, e que ele seja abençoado a cada dia mais, que tenha paz, alegrias e riquezas, deseje, deseje mesmo. 
Porque o Deus a quem servimos, não é nenhum gênio da lâmpada, não concederá nenhum olho furado a quem nem sabe pedir, mas ouvirá somente aquele que pede segundo o mandamento do amor...

Kelly Rodrigues.
Baseado no estudo 7 Pecados Capitais de Ed René Kivitz.

sábado, 10 de novembro de 2012

Carol.


Não tem ninguém no mundo que saiba mais, que me entenda mais...
E que repita tanto em tantas conversas: Eu também!
Adoro seu jeito de simplificar tudo e de resumir toda desgraça numa piada.
Sinto-me á vontade com você, mais do que com qualquer pessoa no mundo, você entende sem precisar de explicações e eu posso ser eu mesma, porque além e apesar do que eu disse, você consegue compreender o que eu quis dizer.
A afinidade que temos desenvolveu ao longo dos anos um pacto, que me deixa segura para contar segredos e confiar sentimentos que ninguém mais sabe. Eu não sei o que faria se não tivesse você para recorrer porque mesmo tão longe, você é a pessoa mais próxima de mim, ás vezes a única.
Quando as coisas ficam mais difíceis, eu me lembro da sua coragem, ou da teimosia que te faz sempre ir em frente.  O valor que você tem na minha vida é que me faz ter vontade de entrar numa briga feia com qualquer pessoa que te faça mal ou de me teletransportar só para te dar um abraço. Eu desejo muitas e muitas vezes ter esse poder e eu sei que é recíproco.
Eu penso que você ficar tanto tempo sozinha é desperdício para o mundo, kkkkkkkk  companhia mais divertida impossível, queria tanto estar perto... As conversas mais inúteis que temos são uma porção de alegria indispensável para os meus dias.
 Temos quase os mesmos defeitos, revezamos assim no ponto exato para ser equilíbrio na vida uma da outra. Obrigada, obrigada por cada oração e conselho, por cada verdade que ás vezes preciso ouvir.   
Você tem um temperamento terrível, obrigada pela solidariedade nisso. Tem um coração intenso como um vulcão, nunca gostei de passividade.
  
Eu te amooo!!!


Feliz Aniversário!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Etiquetas.



Adquiri uma técnica de sobrevivência social que eu chamo de seleção intuitiva. Quando conheço uma pessoa, eu a classifico utilizando de maneira muito útil, uma caixa imaginária de etiquetas e limites. Se me pareceu boa pessoa, se não muito amigável, se interessante, se suportável, se faz rir ou irritar, mas não é de todo pré-julgamento é um processo com vários níveis de avaliação e nele, devagarzinho eu confirmo ou desfaço as primeiras etiquetas, substituo-as com prazer se de alguma forma me enganei a princípio.

Admito ser uma tática defensiva, ah é sim, depois de algumas vezes ter a cara em cacos pelo chão. Por isso ainda tenho a tendência de ouvir minhas intuições, mas de questioná-las também, temo julgar e perder uma boa oportunidade, um bom amigo, porém ainda sinto que nas relações humanas observar é tudo; o olhar, as palavras, o tom de voz, o sorriso, as atitudes e mesmo as intenções por trás delas. A expectativa não é dificultar o acesso, mas valorizar o espaço. O desejo é trazer pra perto, enquanto também estou a caminho, a confiança define o avanço da conquista.

O conhecer é mútuo, e um risco constante, quanto mais perto mais evidente fica a alma. E a técnica, o tal processo de avaliação, talvez até possa parecer um tanto arrogante, mas é na verdade quase covarde e eu diria acima de tudo que é prudente. Mas infelizmente não é infalível porque as pessoas não são exatas e as situações não são previsíveis. Com o passar do tempo percebi que não se trata de avaliar as pessoas como boas ou más, não acredito que possa haver essa definição.

Mas cada relacionamento exige uma aliança e nem sempre ambas as partes estão dispostas a assumi-la no mesmo nível de compromisso e de lealdade, assim é quase inevitável surgir um diagnóstico de decepção e mesmo com todo o cuidado metódico do processo, consigo ainda me entristecer quando acontece.

A palavra confiança vem do latim “com fides”; com fé. Depende mais dos afetos do que da lógica, mais do espírito que do cérebro, é o elo que une as pessoas e desfaz as reservas.  Confiar é crer na moral, na sinceridade, ter esperança, dar crédito, dizer sim sem hesitar. É o tempero que dá leveza as relações e sem ela nada se pode construir.

Quando tenho fé em alguém, dou um pedaço de mim que revela as qualidades e os defeitos, as virtudes e as falhas, sem direito de pegar de volta. O perdão é necessário, nenhuma mágoa vale à pena e o perdão mais do que por consideração ao outro, é requisito básico de amor próprio, liberta. Mas se a confiança é quebrada, se a aliança é desigual ou rompida mesmo depois do perdão, aquele pedaço mesmo que pequeno sempre vai fazer falta.

"A verdade é que todo mundo vai te machucar, você só tem que escolher por quem vale a pena sofrer." Airton Senna.


Kelly Rodrigues.

quinta-feira, 7 de junho de 2012


 O amor é um perigo!

"Não existe um investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e seu coração irá certamente ser espremido e possivelmente partido. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, não deve dá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em passatempos e pequenos confortos evitem todos os envolvimentos, feche-o com segurança no esquife, ou no caixão do seu egoísmo. Mas nesse esquife, seguro, sombrio, imóvel, sufocante, ele irá mudar. Não será quebrado, mas vai tornar-se inquebrável, impenetrável, irredimível. O único lugar fora do céu onde você pode manter-se perfeitamente seguro contra todos os perigos e perturbações do amor é o inferno."
C. S. Lewis

Não conheço definição melhor e mais clara sobre a prática do amor, do que esta de C. S. Lewis. Amar é mais que um risco. É impossível amar e não sofrer danos, perdas, decepções, ser gravemente ferido, uma vez, duas, incontáveis. Mas nós somos convidados a amar, ordenados a amar.

 Tivemos exemplo inspirador quando fomos amados por Cristo e Ele amando-nos sofreu todas as implicações possíveis que Paulo descreveu em I Coríntios 13, assim como foi o único capaz de viver sua plenitude. E nós lemos este texto como quem lê um lindo poema romântico; “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” e na verdade ele é um convite ao martírio.

A verdade é que somos imperfeitos, diante de Deus, para nós mesmos e somos imperfeitos uns para os outros. E amar o próximo como a mim mesmo, seja amor de amigo, de pai e mãe, de filho, de homem e mulher, é amar o imperfeito e o imperfeito erra, mesmo e principalmente quando também ama.

Nós também imperfeitos, criamos expectativa do outro igualmente proporcional á nossa carência e necessidade, como quem espera uma última peça que encaixe perfeitamente ao quebra-cabeça, mas a figura nele fomos nós que criamos e muitas vezes nem sabemos como ela é.

Aceitar a disritmia é difícil, nós criamos o padrão e ninguém nunca vai correspondê-lo.
A conclusão é que somos ordenados a amar, e a amar muito, amar a todos e com grande intensidade. Por quê? Porque se reparamos bem, quanto maior é o amor, menos exige padrão e maior é a disposição para perdoar.  Mais uma vez o exemplo é a amor de Deus, que nos ama não pelo que nós somos, mas apesar do que somos.

Assim amando, vez ou outra haverá dor, amaremos mais do que deveríamos ou menos, recebendo pouco ou nada de volta e sem direitos a requerer. O amor não é seguro, não é investimento é doação. Contudo, ainda escolho o amor.  Sem amor, de que vale a vida? Que sabor ela tem? Amem os que tiverem coragem suficiente. Porque no amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora todo o medo.


Kelly Rodrigues.