segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Idiotice = felicidade




Li outro dia a seguinte frase: A idiotice é essencial para a felicidade.
Adorei! O texto que se seguia incentivava-nos a nos divertir com nossos próprios vexames, a assumi-los mesmo. Então pronto, resolvi obedecer.

O que é a vergonha? Bochechas vermelhas, vontade de sumir de repente, frio na barriga, reação sem-graça, e aquele riso acanhado tentando disfarçar tudo. Normal, saia justa esta, que visto quase todos os dias, devido a muito mais que somente um comportamento distraído e desastrado, não, é muito pior, é uma lesera, quase que absoluta.

Mania de não pensar direito antes de abrir a boca, falar a coisa errada, na hora errada, para a pessoa errada. Essa sou eu gente, entre micos e king-kongs tenho uma coleção repleta das mais diversas situações constrangedoras. Vítima do azar mesmo, ou da atração fatal que tenho pelas gafes.
Pois bem, a história que vou contar é uma delas.

Outro dia me assustei, distraída com o final de um filme me atrasei para o culto de domingo, já eram 18h30min e o culto começa 18h30min eu já devia estar lá.
Corri para um banho relâmpago, vesti qualquer roupa, passei só um batonzinho e fui. Demorei sossegar a agitação da correria, mas consegui me concentrar.

Ufa. No finalzinho já do culto, encasquetei que a senhora no banco de trás cochichava alguma coisa sobre mim, olhei de rabo de olho, ela fazia uma cara estranha, apertava os olhos como quem quisesse enxergar direito, devia estar me achando parecida com alguém pelo jeito, sei lá. Cochichou de novo, já fiquei irritada, ela ficou inquieta, já não prestava atenção no culto, nem eu, parecia que hesitava em me dizer alguma coisa.
Deve estar querendo lembrar-se de onde me conhece, pensei. Eu nunca vi mais gorda, mas também nem posso confiar na minha memória... Vamos acabar logo com isso, Arquitetei um plano, resolvi olhar para trás e sorrir, assim ela toma coragem e fala logo de uma vez.

Deu certo, eu olhei, sorri, ela sorriu de volta e desabafou: “Moça, tem uma coisa estranha nas suas costas, o que é isso?” Falou já passando a unha, despregando alguma coisa de mim, olhou rapidamente o objeto sem identificar e me entregou.

Puts, o finalzinho do sabonete bege, com perfume de amêndoas, do tamanho de uma rodela de limão, ficou pregado nas minhas costas, secou e virou um grude branco esquisito, amassado, parecia uma deformação ou coisa parecida.

Peguei aquilo e nos primeiros segundos fiquei confusa, depois que percebi, caí na risada, na correria do banho, nem percebi nada. A família inteira atrás de mim queria desvendar o mistério, mas eu só ria, como vou explicar? Fiquei vermelha, roxa, pensava em tomar fôlego e dizer alguma coisa, mas só de imaginar caia na risada de novo.
O marido do lado também sem entender, aproveitei que todos se levantaram para a oração e sai de fininho ainda com crise de riso, fui pro banheiro, tirei o resto de sabonete que ficou e esperei o final do culto.Eles que fiquem sem saber...
Eu é que penso...topei com a senhora na saída da igreja e ela indiscretamente disparou:”Era sabonete nééé?!”(mangando de eu) e eu achando que ia escapar, ah, mas já tava lascado mesmo... “Era tia, ( me vinguei, chamei ela de tia) era sabonete, tomei banho ás pressas, o sabonete tava no fim, não deu tempo de pegar outro, ele grudou nas minhas costas e ficou lá distraindo a senhora a noite inteira.
Kkkkkkkk risada geral. Ah, eu nem conhecia a tia mesmo. Fui embora correndo, contei pro marido, ele incrédulo, ria sem parar, imaginando eu lá com o sabonete grudado o culto todo, me olhou com aquela cara “Você heim, não tem jeito”. Não perde a oportunidade de me lembrar sempre que eu sou tão higiênica que levo o sabonete pra onde for para o caso de precisar.
Aff, pelo menos ele e todo mundo riu muito, descontraiu, você também agora lendo o texto se diverte mesmo que sendo ás minhas custas. A idiotice é essencial para a felicidade, lembra?


Kelly Rodrigues.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Gente chique não é tão feliz como eu!


Ontem eu fui a uma festa de grandes empresários, desembargadores, políticos, gente da alta, e claro, longas cerimônias de homenagens, fotos históricas e demais formalidades.
Nem vou explicar como eu fui parar lá, mas, com toda certeza não estava em meu habitat natural. Fiquei sabendo da festa á tarde, meu marido ligou, disse que teríamos  um compromisso chique, uhu! Pintei as unhas, chapei o cabelo, peguei vestido emprestado, brinco emprestado, coloquei o scarpin preto básico, maquiagem, pronto, linda.
Difícil é ser linda e ir de moto. Puts, o vestido sobe, fico com as pernas de fora, o marido (de cara feia) tira o blazer e eu jogo por cima para cobrir.
Chegamos, seguranças na porta, recolhendo convites, o salão é lindo, todo decorado com galhos secos cobertos com flores e laços, espaços com sofás e pufs, tapetes felpudos, modelos de vestidos longos, sorridentes, contratadas só para dizer; "boa noite, sejam bem-vindos". Até o banheiro tem ante-sala com sofá. As mesas com toalhas sedosas, enfeites no centro, taças, tudo deslumbrante.
Mas o primeiro mandamento para festa chique é fazer cara de normal, (quase esnobe) pra tudo, não se deixar impressionar. Como se já estivéssemos habituados a todo esse requinte. Foi o que eu fiz. Facilmente camuflada em meio aos ricaços.
Nos sentamos, postura...e os garçons começaram a servir... água.
Lá vem outro, com uma jarra linda, com mais...água. Por isso que gente chique não tem desidratação.
E as horas passam, passam e a fome chega, e mais homenagem, plaquinha, medalha, discurso... e a fome derrota a cara de normal. Vem a cara de fome mesmo, olho em volta, todo mundo parece bem alimentado, ou melhores atores do que eu.
Música ao vivo, instrumental tocando chorinho, mpb, deu um sooonoo!
Olho para a porta da cozinha, até que em fim vejo bandejas com comida. Animei.
Para comer bem em festas assim agente tem que ter sorte ou boa intuição.
Nunca se sabe o que estamos comendo.
Ameixa recheada com queijo? Folhado de abóbora com pêssegos? Urgh !
Canapés; que torradinhas lindas, tão bem decoradas, tudo pequenininho, igualzinho. Como saber qual deles vale a pena?  Já estava com vergonha de perguntar com uma expressão de medo: "o que é isso?".
Festa de pobre não tem dessas coisas, coxinha, quibe, empada, esfirra; todo mundo sabe o que é, tem forma definida. Ah que saudade!
Chegaram com uma panqueca de frango ao molho branco, panqueca não, crepe. Ufa! Delícia, pena que a porção é tão pequena.
E agora que a festa começou a ficar boa, o povo começa a ir embora. Não sei se pobre é que gosta de ficar na festa até o fim, (para levar as sobras) ou se os ricos vão embora mais cedo para comer. Acho que as duas coisas.
Realmente alegria de pobre dura pouco, a satisfação mal se aproximou do meu rosto e do meu bucho e já teve que ser interrompida pelo fim da festa.
Melhor ir para casa, acho que eu não nasci pra ser chique.
Mas também, que negócio é esse, ser chique? Coisa mais besta!
Essa palavra existe afinal? Espera ai, vou procurar no Google...
Achei! Chique:  Glamuroso, requintado, charmoso.
Ah, tão superficial...Se me permitem gostaria de melhorar:
Chique: Pessoas extremamente educadas, sensatas, falam baixo, discretas, elegantes, éticas, bem-humoradas, gentis... Sem muitas frescuras e que comem comida de verdade!
Para mim ser chique não tem muito a ver com ter dinheiro ou apenas boa aparência, estar bem vestido, mas, também, e principalmente, ter um comportamento adequado, admirável, nobre. Se for assim, ainda há esperança, até porque “só me falta-me o gramour” que nada, kkkkkkkkkkkk eu sou chique 
 bem!




Kelly Rodrigues.