sábado, 29 de janeiro de 2011

Jesus, meu cartão de crédito.



“- Depois que eu aceitei Jesus minha vida mudou, eu tinha muitas dívidas e vivia passando por dificuldades, agora sou empresário bem sucedido, tenho carro novo, casa nova, tudo mudou.
-E o que o senhor falaria pra quem está em casa passando pela mesma situação?
-Venha para a igreja e Deus vai mudar sua vida e você nunca mais sofrerá por causa de dinheiro.”

Respiro fundo, abaixo os olhos, triste, desligo a tv. Me vendo exatamente na situação em que o entrevistador sugere o conselho. Precisando de dinheiro, enfrentando lutas na vida financeira.
Mas a tristeza não é por mim, é por ele. Eu tenho aprendido a viver pela fé, a ser fiel, a ser mais prudente e organizada, a adorar a Deus em todas as situações, e creio que melhores dias virão sim, com trabalho, oração, sem perder a alegria e sem perder o juízo.
 A tristeza é pelo evangelho torto, incompleto, que tem sido oferecido, por pessoas interesseiras, criando cristãos igualmente interesseiros. 
Recebemos tudo ,muito mais além do que merecemos, recebemos, amor, perdão, recebemos o sacrifício de Cristo e a salvação pela graça. Somos eternos devedores como a palavra diz.
E vejo a igreja, a igreja, que deveria pregar o evangelho que traz arrependimento, rendição, o morrer, diminuindo o homem para Cristo ser glorificado. 
Vejo a igreja pregar uma mensagem motivadora, que o homem tem direito de reivindicar, de cobrar, de espernear para que o Pai conceda todos os desejos do filho.E ponto. 

Não há pecado, não se fala mais em pecado, e o nome de Jesus, o precioso nome de Jesus, passa a ser usado como um validador para que seja liberada a minha requisição, o meu pedido, o meu sonho.
Como um cartão de crédito sem limite em nome do beneficiário.Deus é Deus, Ele pode e faz pobres saírem da pobreza, faz desempregados se tornarem empregadores, e isso eu sei como também sei que esses mesmos milagres não são nada comparados ao milagre de uma salvação.
De que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Quando Cristo deu a ordem do IDE para os seus discípulos, ele queria que cada um deles tivesse a responsabilidade de livrar almas do inferno, não de prometer e anunciar o “céu” na terra, na vida das pessoas.
Quanto mais desejamos as coisas do céu, menos desejamos as coisas do mundo.
Se a igreja continuar diluindo o evangelho para agradar os que ouvem, seremos culpados pela superficialidade de suas raízes, logo, o sol secará a fé deles.
No evangelho verdadeiro tem que haver mudança, de caráter, de vida, de modo que o desejo mais profundo e incontrolável, e constante no coração destes cristãos seja pedir...

PERDÃO!


Kelly Rodrigues


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O VÍCIO DA ROTINA


Estava com aquela vontade doida de fugir, correndo para qualquer lugar que fosse bem longe de tudo que fazia parte da minha rotina. 

Pensei comigo; não posso perder essa oportunidade...ahhh é agora mesmo que pego minha mala e minha cuia, seja lá o que signifique a cuia nessa história e vou morar na praia. 
De mala, cuia, mudança e tudo que tem direito. Tchau centro-oeste, olá nordeste, tchau cerrado, muito prazer litoral! Tudo é festa, vamos lá...uhuuu!
Tudo bem até aqui, mas o fundo musical alegre murcha de uma vez só;
- Bluuuuurgrlgrlglr....
Gente, o ser humano foi feito para viver numa rotina. Agente precisa, gosta, constrói, depende de uma rotina, e eu não estou dizendo marasmo heim?! Existe uma diferença. 

Falo da segurança que a rotina traz, do controle que temos quando está tudo ou quase tudo no devido lugar, saímos de casa quase fazendo o caminho de olhos fechados, compramos as mesmas coisas, no mesmo lugar, vemos as mesmas pessoas.
Como diz o meu apóstolo, quando gosto de uma coisa, vou com ela até o arrebatamento!
Agente reclama da chatisse que é fazer quase tudo igual, todos os dias, mas posso dizer pra você, que ainda está relutando em concordar comigo, nós gostamos.
Pois bem, não estou murmurando não, cidade linda, estou muito bem resolvida, obrigada Senhor! Mas é muita mudança de uma vez só e me vi assim com um olhar desconfiado, inseguro, igual ao filho que se perde no supermercado:
Onde é que eu tôooo, eu quero minha mãeeee!
O clima é diferente, o horário é diferente, a casa, as pessoas, o trabalho, o sotaque, a comida, hei cadê meu mundo? E aí eu sinto falta do previsível, pelo menos de uma dose pequena que seja.  

Fui á feira comprar farinha, farinha estranha, branquela, cheia de caroço, pelo amor de Deus, torra esse negócio direito e passa uma peneira, eu lá quero comer a farofa e engolir um dente junto?
Queijo minas fresquinho, nunca precisou, aqui é queijo cru, que de fresco não tem nada, eu que me senti uma fresca com a cara que o feirante me olhou.
Pamonha! Pronto, achei uma referência goiana uai.
-Pamonha de quê moço?
-Ôxe, como assim, di milho!
Pois é, aqui não tem "de sal" não, é só "de doce" e também não vem nada dentro não, queijo, lingüiça, frango nadinha é só a massa.
Amendoim cozido...eca, vem naquela casca mole babenta, é cozido mesmo.
Outro absurdo; a coca, não é de 600 é de 500ml pode?
A vogal “e”foi definitivamente aposentada, ou ela vem exageradamente acentuada ou é trocada descaradamente pelo “i”. E eu fico sofrendo já, com o que vão mangar de eu, porque sotaque pega, ah peeegaa, pior do que bocejo. Já até engoli alguns artigos.
Não é o João, é João num sabe, vice?
Não é a roupa da Maria, é a roupa di Maria.
E o sexy é ter bigodão...Paraíba que é charmoso mermo, tem um.
Então gente, resumindo, é bom estar em constante transformação, como pessoas, crescendo tal, é bom mudar algumas coisas na vida, o novo ensina, enriquece. Mas tudo de uma vez, não é moleza não, heim. 
Deus gosta, eu que sei, Ele gosta de colocar agente nessa, porque quando não sabemos o que, como, quando, costumamos humildes, pedir uma mãozinha para o Supremo. 

E aí é com Ele, é o ambiente perfeito para Ele, até deixou escrito, todo todo....”Eis que faço novas todas as coisas”.


Kelly Rodrigues

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Eu sou EGOÍSTA!!!!!!!!!


Como mastigar areia, é incômodo e intragável ter que admitir.
Eu sou egoísta, mais incômodo ainda porque eu não gosto desta terminação "ista" porque ela julga, define, rotula.
Mas tudo no meu miserável coração tende a girar em torno de mim mesma, e eu observo do centro, sem querer sair dali.
Eu quero tudo para mim, por minha causa. Tudo afinal de contas deve ser diagnosticado em; se eu estou bem ou não, se eu tenho ou não. No final de cada dia me pergunto, foi bom pra mim? Acho graça do trocadilho, mas uma graça sem graça, envergonhada, pensando agora, como sou pequena. Uma criança birrenta.  Quase todas as pessoas evitam falar de seus próprios defeitos, por qual motivo senão pelo ego?
 Eu me pego pensando que o ano foi bom, que sou privilegiada, afinal de contas tanta tragédia aconteceu por aí, e eu moro num país tropical abençoado por Deus e aqui, perto de mim, não desabaram cidades inteiras, ninguém que eu amo ficou soterrado, ou morreu vítima de violência, vítima de qualquer coisa, e isso é motivo de alegria, porque não foi comigo, ou com alguém que eu amo. Foi com um próximo mais distante...
Agora visto desta maneira nem há tanta alegria.
Lamento que a minha solidariedade só lamente.
Eu amo...
Até o meu amor é egoísta, porque me pergunto se entre ser feliz e vê-los felizes (sem mim), que escolha  seria verdade? Eu amo então? Quando sofremos, decepções e perdas sofremos porquê temos uma autopiedade, pela falta que sentiremos, pela frustração da expectativa e dos planos que o EU construiu, com aqueles e não por eles.
Eu os quero bem, porque eles me fazem bem e mais uma vez essa é a questão.
Mas eu faço o bem, tenho boas ações, acho indispensável , é ótimo ajudar o próximo, repartir, usar de gentileza, para ter uma consciência mais leve, mais em paz.
 Então o bem que faço também é para o meu próprio.
E estamos sempre insatisfeitos com alguma coisa, e nos convencemos que poderia ser melhor, que as coisas poderiam ser mais fáceis, a felicidade mais duradoura, tudo um pouco mais favorável para nós, como quem diz mesmo sem dizer; se eu fosse Deus faria melhor do que Ele.
Não estou mais pessimista neste texto, estou mais consciente, ainda assim inconformada tentando melhorar. Como Paulo um dia disse de si mesmo: Miserável homem que sou...
A moral da história é cinza. Não há orgulho em mim ao concluir, não sou assim uma alma falsa, sem coração e  insensível.  A reflexão  não é só sobre mim,  também não é sobre tudo em todos, mas é sobre todos, nós somos assim. Alguns admitem outros não, mas temos uma natureza egoísta, incapazes de nos importar com os outros, a ponto de nos colocarmos no lugar deles.
Subestimo e tiro o encanto das relações e sentimentos ou desvendo o feio por detrás do romance quer criamos? Você escolhe o ponto de vista, eu já acho saudável o questionamento.


Kelly Rodrigues.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Eta saudade...

Conheci há alguns anos uma pessoa que mudou completamente a minha vida. Daquelas que dividem entre  o antes e o depois mesmo. A primeira impressão que tive foi de uma mulher ranzinza demais para o meu gosto, de voz firme, lá no fundo um pouco doce, mas, só um pouco. Pensei comigo; melhor manter uma distância segura.
Foi assim nos tempos de meus primeiros passos com Cristo. Um dia a ouvi falar dele, e o jeito como ela falava deu vontade de saber mais, falava com um tom de voz intenso e apaixonado, como quem encontrou a razão para viver e para morrer.
Um jeito de falar, que eu não encontrei ainda em outra pessoa. Com uma voz grave, e  as sobrancelhas cerradas, parecia que estava muito, muito, brava,  ás vezes eu ficava ouvindo paralisada com medo de sobrar pra mim. Depois os olhos iam se enchendo de lágrimas e a voz de repente ficava aguda e chorosa, emocionada. Gesticulava o tempo todo e quanto mais se concentrava na oração, mais fechava os punhos ou apontava o dedo parecendo mandar em alguém. Eu mudei de idéia, tive que admitir que para quem queria manter distância, estava muito perto e vi que tinha sido uma boa decisão.
Uma mulher assim daquelas  que se sente á vontade dentro da própria pele, e eu também me sinto á vontade perto dela, mais do que com a maioria das pessoas. Cada vez que nos, separamos, tenho a sensação de ter tido a melhor conversa da minha vida, mesmo que eu tenha falado mais. Admito que é confortável ver nela alguns traços meus; é decidida, teimosa, personalidade forte, meio Pedro como costumamos falar. Mas foram as diferenças que me ensinaram mais; coração perdoador, altruísta, serva. Olhos voltados para ver sempre o bem em todos por menor que fosse.  O viver pela fé, viver de renúncias,  de doar-se, doar tempo, oração, roupa, sapato...
Mesmo de tão perto os defeitos que conheço não apagam as virtudes, nem ao menos as deixam nebulosas.  Uma memória defeituosa virou até motivo de diversão, assim como a soma incontável de celulares perdidos, de chaves perdidas, de dinheiro perdido.
Decorei versículos que passaram a ter a cara dela ás vezes quando leio até repasso o som da sua voz:
Gl. 5:22 ,de tanto me mandar foi o 1º que eu decorei, viver já é mais difícil.
 "Se levar uma alma ao arrependimento cobrirá uma multidão de seus próprios pecados". "Hei, rebeldia é pecado de feitiçaria, você não é feiticeira!"(Este eu ouvi demais). " No amor não há temos, antes o perfeito amor lança fora o temor"...
Me lembro que sofri um acidente e fraturei a perna, coisa feia. Bem na frente da casa da minha mãe, e a primeira coisa que eu pedi foi; Mãenhê liga pra Dri!
E ela foi correndo.  Uma espécie de segunda mãe que até fica em primeiro lugar em matéria de bronca:  "Ai, ai Dri não me bate!"
" Não fala isso, não fala aquilo menina". "Puxa essa blusa, fecha esse decote!" "Joga esse vestido azul fora menina!" (Doei tá Dri?).
E em primeiro lugar de folga também; "Me dá o bacon do seu sanduíche" "Desculpa, hoje eu comi feijão", " Olha a Sophia pra mim"? " Fica na salinha hoje?".
 E eu que não tenho palavra de jeito nenhum, vou de cara feia,  falando que é a última vez.
Agora, pra quem não conhece e não está entendendo nada, vou explicar; é que daqui, do outro lado do país, deu uma saudade grande demais, quase nem cabe dentro de mim. Achei que o texto poderia ser uma espécie de obrigada por tudo, eternizado.
Dri, te amo demais viu?  Obrigada, pastora, mãe, amiga, espero que eu  possa ainda te dar muitas alegrias.


Com amor Kelly Rodrigues.