quinta-feira, 30 de junho de 2011

Amigos...





Eu quero ter um milhão de amigos, diz a canção...
Eu não!Eu nem conheço um milhão de pessoas, sei que a música usa uma metáfora, nem de longe seria possível a interpretação literal.Amigos, de verdade, são poucos.

Amigo é aquele que mesmo sendo completamente diferente da gente, tem muitas histórias em comum. Aquele que já participou de super festas e grandes banquetes, e que já fez programa de índio também, já assistiu um filme péssimo e jogou na cara que foi você quem escolheu.  Que já fez festa sem motivo, que já brigou sem motivo.

Amigo que conhece agente. Que é capaz de prever as nossas reações, até de ler os pensamentos. Amigo assim não precisa de palavras, só de um olhar. Amigo assim tem linguagem própria, palavras, expressões, piadas que ninguém mais entende só agente. Para quem se pode contar os segredos, com quem se pode contar para o que der e vier.

Amor de amigo é quase ágape. Amigos são irmãos adotivos. Amigos mesmo dividem outros amigos, e somam, emprestam o que tem de melhor na vida. Amigos fazem a vida ser mais fácil.

Eu queria poder voltar e resgatar alguns que se perderam no decorrer do tempo. Seria uma grande festa reunir todos. Ah se eu pudesse! Se eu pudesse não permitiria mais separações. Alguns deles quebraram alianças... Perder um amor dói o cotovelo, perder um amigo dói à alma!

Mas os melhores ficam para sempre, mesmo que não os vejamos mais com freqüência.
Mesmo assim, o que não faríamos para dar um abraço novamente...

 “Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! Não se faz um amigo, se reconhece um amigo”.Vinícius de Moraes tinha toda razão.

Ainda bem que existem as lembranças, assim eles não se vão, pelo menos não pra sempre, ficam ali, mergulhados na memória, nos fazendo rir sozinhos, às vezes, chorar de saudade, nos permitindo, vez ou outra, experimentar novamente o gostinho das histórias, que produziram no peito porções sem medida de felicidade. É...Amigo é coisa pra se guardar..

Tenho os melhores amigos que alguém poderia ter, são poucos, mas são imensamente preciosos.
A eles com amor.



Kelly Rodrigues

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Eu me lembro...





Dizem que olhar para tráz atrasa.
Diga-me para quê tanta pressa? Não foram os passos lá atrás que nos fizeram chegar até aqui? Não foram estes mesmos passos que ajudaram a entender afinal, para onde estamos indo? 
Eu gosto de me lembrar, não sou tão seletiva assim. Tenho medo de excluir, quero guardar tudo. Quero me lembrar dos nomes, dos rostos, do som de cada voz, das reações, dos sentimentos que eu tive, como se guarda todo tipo de coisa antiga, para o caso de precisar um dia.
De algumas lembranças é preciso se desprender, deixar ir, algumas páginas precisam ser viradas para outras começarem a ser escritas, mas apagá-las me parece insano.
Tudo é importante, tudo teve alguma razão. Eu me lembro dos melhores amigos que tive. Das festas, dos passinhos que decorei, das músicas que eu cantei, das coisas que me fizeram rir e chorar. 
Cada pessoa que passou pela minha vida construiu um pedaço de mim.E eu as construí de um jeito só meu, só eu sei. As lembranças são um segredo.
Lembro-me dos suspiros, do bem me quer mal me quer. De estar irremediavelmente apaixonada, de encontrar a cura, de me apaixonar por mim mesma. De perder noites de sono e de rir depois que tudo passou. De tomar decisões erradas e me divertir como nunca. 
Decoro cada detalhe, vou passando as imagens, atiço o inconsciente, não quero esquecer.
Todas as lembranças ajudam a me conhecer, ainda não sei quem eu sou. Eu me lembro que eu já fui mais doce, mais frágil. Sinto falta da doçura, mas é mais seguro a resistência, esta veio com o tempo. 
É gostoso se lembrar. Nada melhor do que reconhecer algo, um perfume, um sabor, um lugar. E reviver o momento, a memória nos leva de volta no tempo, e reconstitui um amigo, uma conquista, um luto, um riso, um prazer. Assim de repente. 
Mas é preciso saber guardar, ser grato, ser cuidadoso, não permitir que o passado fique nebuloso demais, senão corremos o risco de perder a própria identidade. 
Ignorar o passado é repetir os mesmos erros ou até tornar-se indigente.Tudo merece um novo olhar, tudo me interessa, posso fechar os olhos e descrever.
Guardo no meu coração um cofre, com tudo que sofri, com tudo que amei, os lugares onde estive, os livros que eu li, tudo que eu toquei. Neste cofre está a minha história, abrir mão dela não é uma opção. Há tanta coisa preciosa neste cofre...




Sossega coração, ainda tem muito espaço!


Kelly Rodrigues.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Quando eu morrer...


Não tenho medo da morte, pelo contrário, sou ciente da paz que chegará com ela. Não, de jeito nenhum, também não desdenho a vida. Nem estou querendo tão cedo passar desta. Mas porque a morte assusta tanto? A pontuação correta não é um ponto final, são três pontinhos ...
 Quando eu morrer, não sei quando, não sei como, não importa se for assim de repente ou se por meses a fio, doente, fizer um drama um pouco maior. Se for ainda jovem ou com muitas rugas e histórias para contar. Peço somente que eu esteja aprovada.
Não será cedo demais, nem tarde demais, será exatamente quando deveria ser, porque  Deus assim desejou.
Não, Ele nunca erra os cálculos, não o questionem. 
Antes eu gostaria de cumprir uma pequena lista de feitos, mas mesmo se não der tempo de realizar esta, muitas outras listas já foram conquistadas, não poderei reclamar;

 Quero escrever um livro e ter um filho, dois quem sabe, sim a árvore eu já plantei, se sobreviveu eu já não sei, mas fiz a minha parte. Quero aprender a andar de patins, coisa mal resolvida da infância.
Queria muito saber cantar, ter voz de negona do coral sabe, mas aí já é difícil, não nasci com o talento, já era.
Ah, aprender a língua dos sinais, seria tão bom.
Queria construir um boneco de neve, igual ao que agente vê nos filmes, na Paraíba é que não vai ser né? 
E fazer um vídeo com os amigos mais malucos cantando músicas antigas em péssimo inglês. Queria também pular de pára-quedas, descobriria talvez porque os pássaros cantam?
E o que dirão de mim? O que será que dirão? 

Digam a verdade pelo amor de Deus! Falem dos meus defeitos, eu já morri mesmo.
Digam que eu era insuportável nervosa, que tinha um temperamento terrível,  mas que tentava esmagá-lo o quanto podia, e segurar a língua com todas as minhas forças.
Será que consegui?
Digam que era teimosa, mas que orava todos os dias pedindo por misericórdia, desejando ser guiada pelo caminho correto.
Digam que a pose toda auto-confiante era só pose, que eu tinha muitos medos e chorava á toa. Digam que eu gostava de ler e de escrever, assim meio nerd.
Que eu gostava de cozinhar também, ah contem sobre a panqueca, o estrogonofe, ou o macarrão que eu fiz pra você um dia. Lembre se já rimos juntos, eu gostava de rir, aprendi com meu marido, alegria na minha vida. Deus me escolheu entre todas as mulheres do mundo, para ter o privilégio de ter o seu amor. Obrigada por isso Senhor!

Que tive uma mãe perfeita, um pai apaixonado, irmãos que são um pedaço do meu coração, gastei os joelhos orando para que se convertessem, se eles ainda estiverem por aqui, não custa uma última tentativa. 
Amigos, não preciso citá-los, cada um foi um presente, nem sei se mereci  tanto, desejo que eu possa ter semeado Jesus na vida de todos, o suficiente para vê-los na glória  um dia, se eu também a alcançar. Alguns foram mais que amigos, como Deus prometeu que seriam.
Fui privilegiada por ter pastores tão preciosos, escolhidos por Deus, amados, jamais poderei dizer obrigada o suficiente.
E quando eu morrer eu quero que chorem, não por pretensão claro, mas senão, teria eu passado por esta vida assim sem tocar nenhum coração, sem fazer falta a ninguém?
Mas não muito choro, e que a dor passe logo prometam! Que fique só a saudade. Sem lamentos do que poderia ou não ter sido feito ou dito. Lembrem-se, ainda teremos muito tempo.
Já escolhi também uma trilha sonora para o momento; Hey Jude dos Beatlhes versão Across the Universe, faço questão. 

Se nós já brigamos e não deu tempo de pedir perdão:
_Hei, me perdoa, por favor! Não quero deixar nenhuma pendência por aqui.
Se puderem todos realizar um último desejo e eu não estiver sendo exigente demais, repensem suas próprias vidas, enquanto respiram ainda poderão voltar para Deus. 
E trabalhem, orem, preguem, quero ter muita companhia, sempre gostei de casa cheia. Se eu tiver direito a um desejo só, unzinho. Eu riscaria o restante da lista para pedir só este:

Não pediria para ser grande nesta terra, alguém com dinheiro, influência ou poder. Mas somente que eu possa ter cumprido, tudo, exatamente o que Deus planejou, tudo que ele escreveu pra mim, no livro da vida.
Assim poderei dizer que vivi plenamente.

Kelly Rodrigues