terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

For you!!!


Quando ela nasceu era o bebê mais lindo do mundo! Sempre teve carinha de anjo e cabelos encaracolados de um tom castanho dourado. E a gente dizia que ela era loira porque era adotada, ela chorava e minha mãe abraçava desmentindo...

Eu sofri incontáveis injustiças porque ela era a caçula e todo mundo superprotegia.

Fui irmãe, eu a levava pra escola, fazia o lanche, ajudava no dever de casa e ela passava sorrateiramente para a minha cama no meio da noite quando estava com medo ou quando chovia. Eu a distraia fazendo tranças na franja do cobertor.

Ela assistia desenho comendo milhopã, como se fosse a melhor refeição do mundo, sempre dormia no sofá, lutando contra o sono. Usou por meses seguidos o tal do tênis de luizinha, não importava se combinava ou não com a roupa.

Eu dei pra ela todas as minhas barbies que cuidei com tanto amor, ela cortava o cabelo delas curtinho e desenhava nos braços com caneta bic, possivelmente já uma previsão do visual loiro Chanel e todo tatuado que tem hoje.

A caligrafia dela é quase igual a minha, escrita de fôrma, bem pequenininha até confunde, mas não mais que a voz, ao telefone engana qualquer um.

Sempre dormimos no mesmo quarto e conversávamos e ríamos até de madrugada, até hoje eu morro de saudade de fazer isso. Eu a acordava cantando Don´t cry for me Argentina em tom agudo estrondoso, ela cobria os ouvidos com o travesseiro, mas eu insistia até vê-la descendo as escadinhas do beliche. 

Brigávamos por tudo, pelas tarefas de casa, pelas roupas e para decidir qual canal assistir.

E ela cresceu, eu a chamo de feia, mas ainda acho a coisa mais linda do mundo.
Tem um temperamento terrível, pouco juízo, é briguenta, impulsiva, mas é doce, leal e carinhosa. Faria qualquer coisa para defendê-la, mas ela nem precisa mais, já sabe fazer isso sozinha.

Assim, minha irmã, pitanga do meu coração, meio azeda, meio doce.Tem meu sobrenome, meu sangue e todo o meu amor...
Saudade demais! 



Kelly Rodrigues.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Manias e maluquices.


Eu só durmo com o lençol esticadinho, se amassar eu me levanto só para arrumar, e a porta do armário tem que estar fechada, senão eu começo a imaginar que estou sendo observada por algo lá dentro. 

Acordo ás 3 da manhã para beber água, todos os dias,claro que não me levanto, eu peço repetindo a receita; metade gelada metade natural.

Tenho mania antes de dormir, de coçar os olhos esfregando com as duas mãos é uma cena assustadora. E tenho que lavar os pés também, mesmo que tenha acabado de tomar banho.

Sou viciada em descongestionante nasal, dependência grave, já fica embaixo do travesseiro, falando nisso eu tenho dois, em um encosto a cabeça e o outro eu abraço.

Incomoda-me muito um tapete torto ou com a ponta dobrada. 
Saio também arrumando tudo por ordem de tamanho ou de cor e tenho vontade de fazer isso nas casas das pessoas, mas não chega a tanto, é TOC eu sei, mas é um caso moderado...

Eu nunca me lembro o nome de ninguém, e pior, associo o rosto á um nome que eu acho que combina com a pessoa e coloco toda minha confiança nisso, o que me fará chamar a Maria de Gabi e o João de Eduardo.

Tenho certeza que ainda não inventaram nada melhor para prender o cabelo que caneta bic, então eu desapareço com as tampas de todas elas e é comum encontrá-las no banheiro, no sofá, ou do lado da cama.

Como pão-de-queijo com margarina e alho. Leite só gelado e tem que ser puro ou com mel. Uma das coisas que eu mais gosto de comer no mundo inteiro são aquelas batatas fritas fatiadas que vendem naqueles carrinhos com estufa de vidro. Ah, adoro!

Eu tenho um padrão para o tomate no vinagrete, tem que ser bem maduro e picado bem pequenininho, aliás, eu tenho um padrão para quase tudo que vou comer, tenho um estômago seletivo e cheio de frescuras, por isso eu prefiro cozinhar.
                                                                                                                         
Tenho medo de filmes de terror ,sou do tipo que encolhe os pés, grita de susto, taquicardia e tudo. Choro á toa, choro de saudade, choro de raiva, de tristeza, e principalmente quando não tenho motivo nenhum.

Tenho mania de escrever repetidamente meu nome e treinar assinaturas diferentes em qualquer pedaço de papel. Quando tenho crise de riso, isso acontece nos lugares e situações mais improváveis e demora, demora passar.

Quando caminho por uma calçada, não gosto de pisar nas linhas de divisão. Desespera-me época de natal, porque sei que as pessoas vão fazer decorações com vários pisca-piscas e as luzes vão estar descoordenadas.

Se alguém me contar uma mania ou um hábito e eu achar lógico, eu copio pra mim e passo a usar. Agora sempre que abro uma lata de sardinha, tenho que tirar aquela coluninha que fica no meio e me certificar que limparam direitinho. Essa eu copiei. Também não como algodão doce de saquinho, porque acho que eles sopram pra encher de ar, eca, essa eu copiei também.

Não é só isso, a lista de manias, rituais, preferências e maluquices é grande, mas já contei muita coisa, não quero assustar, por enquanto é só pessoal. 

Essas são as letrinhas pequenas, que só via quem estava perto o suficiente, quem já tinha assinado o contrato. Agora que publiquei este texto, todos sabem, mas não me importo, se de médico e louco todo mundo tem um pouco, eu nunca tive mesmo nenhum talento para medicina...



Kelly Rodrigues.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012



O que seria da convivência humana, se não fosse a censura? Ah, a censura não foi só uma lei opressora nos tempos da ditadura. Não, nós temos ainda essa censura da ética, e ela é boa, mas é chaaata, difíiicil...


É ela que nos faz pensar duas vezes antes de dizer o que pensamos e sentimos.  Faz-nos desistir daquela resposta mais sincera, que vem no pensamento como um relâmpago, mas, que nós substituímos rapidamente por algo mais sensato e só então liberamos as palavras.

Ah, vamos confessar, todo ser humano normal, tem essa dupla personalidade, você não? Para manter o padrão de civilidade temos sim, que anular muitos dos nossos instintos e impulsos. No meu caso, quase todos.

Não que eu seja contra essa seleção, na verdade eu até entendo que ela é um produto da maturidade. Mesmo que, por várias vezes eu tenha me divertido com a idéia, de dizer tudo que tenho vontade, sei que isso certamente seria desastroso.

Cada pessoa tem um botão específico que aciona a intolerância. A irritação não tem causa comum, uma coisa pode irritar alguém e não fazer nenhuma diferença no humor do outro, o que piora o quadro geral e diversifica a insanidade.

 Nós não expressamos as reações instantâneas que temos, aprimoramos uma habilidade teatral de disfarçar quase tudo que sentimos e pensamos. Um dom que sei lá se é natural ou adquirido.

Reprimimos nossos instintos verbais, formatamos num instante a expressão, oferecendo um semblante sereno e palavras amáveis. E para onde vai a essência? Ela morre, ela muda ou se acumula em algum lugar? Estaria planejando um retorno triunfal?

O importante é ser sincero... Mas, será que alguém sobrevive?
A mentira afasta as pessoas, mas a verdade absoluta as une? Se agente diz a verdade nada mais que a verdade, sei não...Tudo que cala, diz muito mais sobre nós do que aquilo que falamos realmente.
E agora? Ser ou não ser...

Literalmente da boca pra fora somos lordes e ladies, graduados em boa educação.
Lá dentro escolhemos pra onde vai o discurso censurado: Editar, arquivar ou deletar?
Rápido, deleta, deleta, deleta...
Ainda bem que não temos o poder de ler as mentes uns dos outros. Ainda bem que onisciência só tem quem pode e sabe lidar com ela...







Desta simpatia de pessoa que vos fala:
KELLY RODRIGUES.