segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ela e Deus.


Ninguém a conhecia totalmente. E mesmo se alguém a olhasse nos olhos, tentando desvendá-la, ainda assim havia muito mais além deles. Ficava pensando como seria incerta a imagem que os outros tinham dela. Composta daquilo que ela mostrou ou somente do que quiseram ver.

Escondia-se muitas vezes, se defendo, guardando o seu melhor ou o seu pior, dependia assim de muitas variáveis...
Não era tão forte assim, nem tão nobre assim, não havia nenhum adjetivo que a definisse, alguns eram só mais freqüentes.

Ninguém a via por completo.
Se chegassem mais perto quem sabe...
Não, nem assim.

Pensava então como podemos conviver uns com os outros sem ter a menor idéia ou uma idéia errada de quem somos realmente; desejos, sentimentos, pensamentos, intenções. Imaginava essa porção da alma que é essencialmente pessoal, intransferível, ás vezes até inconsciente.

Esta visão da totalidade da alma que está limitada a Deus.
Onisciência, aliás, sabiamente não distribuída aos homens.
Estes então não sabem mesmo quem ela é, nem fazem idéia do que realmente precisa.
Sua referência não pode mais ser, o que os outros esperam que se torne.
Definitivamente não poderá terceirizar seus sonhos, nem suas escolhas.

Chegou naquele momento em que cansou de esperar pelo que viria.
Percebeu que acordou um dia com uma nova compulsão; Ser feliz!
Entendeu que mais triste que não ser o que os outros esperam é não ser quem ela quer ser.
Sem dívidas emocionais, sorriu um sorriso de liberdade.

Tem enfim, se ocupado consigo mesma, em se conhecer e então seguir caminho, certa de onde quer e precisa chegar. Até vê as coisas á sua volta, mas se abstém de quase todas, por um tempo apenas, não chega a ser egoísmo, nem a solidão é total, tem boa companhia. 
Vai atenta a cada detalhe dentro de si mesma, assim, ela e Deus.

Kelly Rodrigues.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

P@#%@ da Vida!!!


Tentei dormir mais cedo, mas tinha que ter um infeliz ouvindo música no celular em um volume absurdo, no meio da rua, ás 11 da noite. Como eu abomino a tecnologia.


Acho que degustei o ódio por ele durante á noite toda, até enquanto dormia o inconsciente continuou a missão. Eu queria era explodir o celular com a força do pensamento. Acordei já com predisposição para assassinatos

Direto pro banho, quem sabe lava a alma também.
Levei foi choque no registro, isso sim, também com a quantidade de “bifes” que tirei fazendo as unhas... O jeito é abrir com a toalha, cadê a toalha? Coloquei pra lavar, esqueci de pegar outra, vai a blusa mesmo.Ah, um banho renova a gente...

Droga, a tampa do creme dental caiu no ralo da pia, virada, nem deu para pescar com o dedo. Mas tentei, olha só que maravilha, acabei de empurrá-la para dentro do cifão.
Olhei pro tubo na minha mão, respirei fundo, escovei os dentes e tentei me convencer que ia ignorar o fato do tubo sem tampa ressecando a pasta.

Agora sem toalha, pé por pé molhando o chão todo, escorrego, joelho na cabeceira da cama, pronto, que ótimo, outro hematoma.  Me seco com o roupão mesmo porque acho que toalha limpa não tem mais nenhuma. Me visto repetindo  mentalmente a frase:
_Preciso de um café, preciso de um café.
Não posso me entregar assim, deve dar pra fazer pelo menos uma xícara com essas duas colheres de pó. Ainda bem que sou boa em administrar proporções, café perfeito.
Plano do dia: Refazer o currículo e procurar emprego.

Internet inconstante quase tanto como minha paciência, até que enfim consigo editar o currículo, mando por email para o Sr. Marido, peço para imprimir pra mim, pronto, agora me arrumo assim bem executiva e desço as escadas. Penso comigo mesma: Eu mesma, agora pegamos o currículo, já temos o endereço da agência anotado e vamos de ônibus sem fazer a mínima idéia de como chegamos lá.


_Amor já imprimiu?
_Ehrrr, não, só vi o email agora.
(Reúno todas as forças do universo) Penso eu: plano B, plano B. Beleza! Vou numa lan house qualquer e faço isso eu mesma. Abro a carteira, nem uma moedinha sequer.

Não, tuuudo beeem. Vou ao banco, caminhando mesmo e tiro dinheiro ora essa, três quadras, tão pertinho. Cartão do banco, cartão do banco, onde está você? Segui um conselho que eu mesma dei a uma amiga outro dia; tá com ódio? Amassa um copo descartável pra descontar, coitado do copo.


Achei o cartão!
Antes de sair de casa, linda e loira faço uma reflexão profunda.
Vamos admitir, estou de TPM, que significa: Tô P@#$ da vida Mesmooo!
E desde antes de eu dormir até o presente momento, todo o universo conspira contra mim. Em dias como este o mais sábio é sair ou ficar em casa? Eis a questão.
Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico!
Mais seguro.

sábado, 16 de julho de 2011

Porque evitar homens que amam futebol.

Este é um conselho supremo para as companheiras que ainda não se casaram e estão aí á procura de um exemplar masculino para chamar de seu. Escolher um homem que gosta de futebol pode ser uma aquisição pouco lucrativa. Pois bem, não são todos, existe uma classificação para a importância do esporte nacional na vida de um homem.

Se ele for um torcedor simpatizante, tudo bem ele vai assistir aos jogos mais importantes, mas sem se abalar muito com os resultados, não vai mudar a vida dele, pronto, versão light tem até certo charme. Se for jogador profissional ótimo, se tiver muita sorte e talento, você ganha um marido com ótima forma física e grandes chances de morar no exterior com um saldo bancário invejável.

O risco está em uma categoria específica.
São os que são fanáticos por um time ou dois ou pior, se interessam extremamente por qualquer jogo que seja e ainda tem a certeza que são também ótimos jogadores.
Alerta vermelho!

Dois dias da semana serão sempre uma incógnita na sua vida, quarta-feira e domingo.
São os dias de futebol na TV e o resultado da partida é que determinará o humor e a motivação da criatura.

Há um motivo para um homem gostar tanto de assistir futebol.
Ele se imagina o técnico e naquele momento, sendo o técnico, expressa seu desejo de mandar, de estar no controle. Não importa quantos anos de carreira e sucesso tenha o técnico de verdade, ele é burro, e no lugar dele, ele faria muito melhor.

O juiz sempre é o vilão, quando apita algo que prejudica o seu time é porque ele é ladrão, e também um filho da p@#$%, e o jogo foi comprado! Não importa se ele não tenha cometido um erro sequer, ele nunca vai ser o herói.

Assim são também os jogadores que cometem falta, se foi do time adversário, isso é um absurdo, é futebol não é vale tudo, foi na maldade, não precisava disso. Mas se quem comete a falta é um jogador do time dele e o juiz não puniu, é porque o cara é o cara, ele tinha mesmo que fazer alguma coisa, para tirar o perigo dali. E se o juiz viu, é porque ele é ladrão também, nem foi nada grave, o outro que se jogou, ele foi na bola.

Se há alguma coisa pior do que ouvir todos esses comentários e os gritos de; vai, vai...
Ah não, aí não! É que ele vai fazer tudo isso comendo, no sofá. E quando se levantar para comemorar ou protestar vai derramar tudo á sua volta.

Não há nada que esteja tão ruim que não possa piorar, ele pode resolver convidar a turma para assistir ao jogo na sua casa, lógico, de galera é mais divertido, o que sobra pra você é a obrigação de providenciar a comida, ir até a geladeira a todo o momento para buscar bebidas e uma pilha de louças sujas na pia no final.

Os dias depois dos jogos também não dão descanso, porque enquanto assiste ao jogo ele está pensando no que vai discutir com os amigos nos dias seguintes, ou se defendendo da derrota ou se gabando da vitória. E aí citarão os títulos, os jogos que venceram de goleada e o assunto se estende. Competindo sempre sem concordar sobre qual é o melhor time, a maior torcida, os melhores artilheiros. E detalhe, a torcida adversária é sempre formada por gays, claro. Você vai ter que aguentar o assunto sem revirar os olhos, tem que demonstrar apoio e interesse.

Se não bastassem esses dois dias em que você perde o cônjuge, ele também pode inventar de jogar um dia da semana, esse dia vai ser sagrado, é um ritual com os amigos, melhor você ficar em casa, não é bonito de se ver, a maioria não joga nada, são barrigudos, quando correm um pouco mais, tem que parar com as mãos nos joelhos para tomar um ar, suados, franzindo a testa com cara de sofrimento.

Chingam, brigam e no final o uniforme e as meias vão para casa, imundos e fedorentos, adivinha quem vai lavar? Fora que a chance de ele quebrar uma perna, ou um braço, levar uma cotovelada ou algo assim, são muito grandes, péssimos jogadores são ótimos em se machucar, quem vai cuidar dele é você, ele vai ficar manhoso e dar muito trabalho e ainda assim não vai aposentar as chuteiras, no sentido literal mesmo.

Fora a lista enorme de artefatos estampados com o emblema do time que ele vai adquirir, para exibir para os amigos, e que não combinam nada com a decoração por sinal; xícara, lençol, almofada, quadro, bandeira... E ele vai ter pelo menos duas camisas oficiais, que custam caro por isso vai pedir de presente pra você. E ao invés de usar outra roupa linda que você comprou, ele vai usar o uniforme do time, que é uma espécie de segunda pele.

Claro que algumas mulheres encaram tudo isso numa boa, talvez até gostem de futebol também, torcem pelo mesmo time, olha que maravilha, mas a grande maioria, assim como eu, tem aversão ao esporte e arrepios de viver assim até que a morte os separe.
Até que a morte os separe é tempo pra caramba...

Bom, se você já disse sim não dá para voltar atrás, não adianta reclamar, você já devia desconfiar das consequências. Mas para as solteiras ainda dá tempo de rever a escolha né?
Eu que me casei com um nerd não tenho esses problemas, tenho outros, mas não vem ao caso, ainda acho que foi a escolha mais sábia.

Aos homens que se enquadram no perfil, me perdoem, não fiz por mal (hahaha), mas eu tinha a obrigação de revelar para a mulherada as letrinhas pequenas do contrato, ao menos agora elas têm o direito da opção. 

Kelly Rodrigues.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Amigos...





Eu quero ter um milhão de amigos, diz a canção...
Eu não!Eu nem conheço um milhão de pessoas, sei que a música usa uma metáfora, nem de longe seria possível a interpretação literal.Amigos, de verdade, são poucos.

Amigo é aquele que mesmo sendo completamente diferente da gente, tem muitas histórias em comum. Aquele que já participou de super festas e grandes banquetes, e que já fez programa de índio também, já assistiu um filme péssimo e jogou na cara que foi você quem escolheu.  Que já fez festa sem motivo, que já brigou sem motivo.

Amigo que conhece agente. Que é capaz de prever as nossas reações, até de ler os pensamentos. Amigo assim não precisa de palavras, só de um olhar. Amigo assim tem linguagem própria, palavras, expressões, piadas que ninguém mais entende só agente. Para quem se pode contar os segredos, com quem se pode contar para o que der e vier.

Amor de amigo é quase ágape. Amigos são irmãos adotivos. Amigos mesmo dividem outros amigos, e somam, emprestam o que tem de melhor na vida. Amigos fazem a vida ser mais fácil.

Eu queria poder voltar e resgatar alguns que se perderam no decorrer do tempo. Seria uma grande festa reunir todos. Ah se eu pudesse! Se eu pudesse não permitiria mais separações. Alguns deles quebraram alianças... Perder um amor dói o cotovelo, perder um amigo dói à alma!

Mas os melhores ficam para sempre, mesmo que não os vejamos mais com freqüência.
Mesmo assim, o que não faríamos para dar um abraço novamente...

 “Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida! Não se faz um amigo, se reconhece um amigo”.Vinícius de Moraes tinha toda razão.

Ainda bem que existem as lembranças, assim eles não se vão, pelo menos não pra sempre, ficam ali, mergulhados na memória, nos fazendo rir sozinhos, às vezes, chorar de saudade, nos permitindo, vez ou outra, experimentar novamente o gostinho das histórias, que produziram no peito porções sem medida de felicidade. É...Amigo é coisa pra se guardar..

Tenho os melhores amigos que alguém poderia ter, são poucos, mas são imensamente preciosos.
A eles com amor.



Kelly Rodrigues

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Eu me lembro...





Dizem que olhar para tráz atrasa.
Diga-me para quê tanta pressa? Não foram os passos lá atrás que nos fizeram chegar até aqui? Não foram estes mesmos passos que ajudaram a entender afinal, para onde estamos indo? 
Eu gosto de me lembrar, não sou tão seletiva assim. Tenho medo de excluir, quero guardar tudo. Quero me lembrar dos nomes, dos rostos, do som de cada voz, das reações, dos sentimentos que eu tive, como se guarda todo tipo de coisa antiga, para o caso de precisar um dia.
De algumas lembranças é preciso se desprender, deixar ir, algumas páginas precisam ser viradas para outras começarem a ser escritas, mas apagá-las me parece insano.
Tudo é importante, tudo teve alguma razão. Eu me lembro dos melhores amigos que tive. Das festas, dos passinhos que decorei, das músicas que eu cantei, das coisas que me fizeram rir e chorar. 
Cada pessoa que passou pela minha vida construiu um pedaço de mim.E eu as construí de um jeito só meu, só eu sei. As lembranças são um segredo.
Lembro-me dos suspiros, do bem me quer mal me quer. De estar irremediavelmente apaixonada, de encontrar a cura, de me apaixonar por mim mesma. De perder noites de sono e de rir depois que tudo passou. De tomar decisões erradas e me divertir como nunca. 
Decoro cada detalhe, vou passando as imagens, atiço o inconsciente, não quero esquecer.
Todas as lembranças ajudam a me conhecer, ainda não sei quem eu sou. Eu me lembro que eu já fui mais doce, mais frágil. Sinto falta da doçura, mas é mais seguro a resistência, esta veio com o tempo. 
É gostoso se lembrar. Nada melhor do que reconhecer algo, um perfume, um sabor, um lugar. E reviver o momento, a memória nos leva de volta no tempo, e reconstitui um amigo, uma conquista, um luto, um riso, um prazer. Assim de repente. 
Mas é preciso saber guardar, ser grato, ser cuidadoso, não permitir que o passado fique nebuloso demais, senão corremos o risco de perder a própria identidade. 
Ignorar o passado é repetir os mesmos erros ou até tornar-se indigente.Tudo merece um novo olhar, tudo me interessa, posso fechar os olhos e descrever.
Guardo no meu coração um cofre, com tudo que sofri, com tudo que amei, os lugares onde estive, os livros que eu li, tudo que eu toquei. Neste cofre está a minha história, abrir mão dela não é uma opção. Há tanta coisa preciosa neste cofre...




Sossega coração, ainda tem muito espaço!


Kelly Rodrigues.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Quando eu morrer...


Não tenho medo da morte, pelo contrário, sou ciente da paz que chegará com ela. Não, de jeito nenhum, também não desdenho a vida. Nem estou querendo tão cedo passar desta. Mas porque a morte assusta tanto? A pontuação correta não é um ponto final, são três pontinhos ...
 Quando eu morrer, não sei quando, não sei como, não importa se for assim de repente ou se por meses a fio, doente, fizer um drama um pouco maior. Se for ainda jovem ou com muitas rugas e histórias para contar. Peço somente que eu esteja aprovada.
Não será cedo demais, nem tarde demais, será exatamente quando deveria ser, porque  Deus assim desejou.
Não, Ele nunca erra os cálculos, não o questionem. 
Antes eu gostaria de cumprir uma pequena lista de feitos, mas mesmo se não der tempo de realizar esta, muitas outras listas já foram conquistadas, não poderei reclamar;

 Quero escrever um livro e ter um filho, dois quem sabe, sim a árvore eu já plantei, se sobreviveu eu já não sei, mas fiz a minha parte. Quero aprender a andar de patins, coisa mal resolvida da infância.
Queria muito saber cantar, ter voz de negona do coral sabe, mas aí já é difícil, não nasci com o talento, já era.
Ah, aprender a língua dos sinais, seria tão bom.
Queria construir um boneco de neve, igual ao que agente vê nos filmes, na Paraíba é que não vai ser né? 
E fazer um vídeo com os amigos mais malucos cantando músicas antigas em péssimo inglês. Queria também pular de pára-quedas, descobriria talvez porque os pássaros cantam?
E o que dirão de mim? O que será que dirão? 

Digam a verdade pelo amor de Deus! Falem dos meus defeitos, eu já morri mesmo.
Digam que eu era insuportável nervosa, que tinha um temperamento terrível,  mas que tentava esmagá-lo o quanto podia, e segurar a língua com todas as minhas forças.
Será que consegui?
Digam que era teimosa, mas que orava todos os dias pedindo por misericórdia, desejando ser guiada pelo caminho correto.
Digam que a pose toda auto-confiante era só pose, que eu tinha muitos medos e chorava á toa. Digam que eu gostava de ler e de escrever, assim meio nerd.
Que eu gostava de cozinhar também, ah contem sobre a panqueca, o estrogonofe, ou o macarrão que eu fiz pra você um dia. Lembre se já rimos juntos, eu gostava de rir, aprendi com meu marido, alegria na minha vida. Deus me escolheu entre todas as mulheres do mundo, para ter o privilégio de ter o seu amor. Obrigada por isso Senhor!

Que tive uma mãe perfeita, um pai apaixonado, irmãos que são um pedaço do meu coração, gastei os joelhos orando para que se convertessem, se eles ainda estiverem por aqui, não custa uma última tentativa. 
Amigos, não preciso citá-los, cada um foi um presente, nem sei se mereci  tanto, desejo que eu possa ter semeado Jesus na vida de todos, o suficiente para vê-los na glória  um dia, se eu também a alcançar. Alguns foram mais que amigos, como Deus prometeu que seriam.
Fui privilegiada por ter pastores tão preciosos, escolhidos por Deus, amados, jamais poderei dizer obrigada o suficiente.
E quando eu morrer eu quero que chorem, não por pretensão claro, mas senão, teria eu passado por esta vida assim sem tocar nenhum coração, sem fazer falta a ninguém?
Mas não muito choro, e que a dor passe logo prometam! Que fique só a saudade. Sem lamentos do que poderia ou não ter sido feito ou dito. Lembrem-se, ainda teremos muito tempo.
Já escolhi também uma trilha sonora para o momento; Hey Jude dos Beatlhes versão Across the Universe, faço questão. 

Se nós já brigamos e não deu tempo de pedir perdão:
_Hei, me perdoa, por favor! Não quero deixar nenhuma pendência por aqui.
Se puderem todos realizar um último desejo e eu não estiver sendo exigente demais, repensem suas próprias vidas, enquanto respiram ainda poderão voltar para Deus. 
E trabalhem, orem, preguem, quero ter muita companhia, sempre gostei de casa cheia. Se eu tiver direito a um desejo só, unzinho. Eu riscaria o restante da lista para pedir só este:

Não pediria para ser grande nesta terra, alguém com dinheiro, influência ou poder. Mas somente que eu possa ter cumprido, tudo, exatamente o que Deus planejou, tudo que ele escreveu pra mim, no livro da vida.
Assim poderei dizer que vivi plenamente.

Kelly Rodrigues

sábado, 5 de fevereiro de 2011

ÔNIBUS - "TERRA SEM LEI".







Todo mundo com calor, transpirando, alguns desprotegidos por desodorante, agente olha pra cima e vê, duas rodelas amarelas provenientes do “suvaco”, na camisa do cidadão, sem ter como fugir.
Risco provável de gases mortais.
Sem lugar para segurar, a cada manobra num esbarra-esbarra com estranhos de todo tipo.
Seria trágico se não fosse cômico, ou vice-versa; a tia correndo carregando um monte de sacolas, abanando a mão como um pedido desesperado ao motorista para esperá-la. 
A criança no terminal se posiciona como um corredor preparado para a largada, quando as portas se abrem, dispara, tentando chegar primeiro para garantir o lugar da mãe. Alguns marmanjos acham que ainda tem idade para escorregar e passar debaixo da catraca.
Ônibus é uma espécie de “terra sem lei" onde o lema é cada um por si. Vejo o adolescente fingir que está dormindo para não dar lugar ao idoso, vejo outros ainda mais sem compromisso com a gentileza deixar; gestantes, idosos, mães com crianças de colo se equilibrando pra lá e pra cá, enquanto se espalham na maior cara-de-pau nos assentos reservados.

E ai daquele santo que tentar protestar.
Eu carregando pasta, caderno, livro, Bíblia, tudo num braço só. O moço sentado, com cara de cansado, também  levando um monte de coisas, se oferece para levar pra mim. 
Ufa, ainda existe esperança.
O adolescente usando uniforme do colégio cutuca o outro e diz:
-Viado! (Se referindo à alma bondosa que aliviou meu sofrimento). Respiro fundo, deixa pra lá. Será que é isso que estão aprendendo nas escolas? 
Por aqui não existem mais cobradores, e eu que achei que o sistema eletrônico do sit-pass era para modernizar e agilizar as viagens.Que nada, agora eu tenho certeza, isso estava em segundo plano. 
O maior problema era que os cobradores estavam com sérios problemas psicológicos.O motorista tem que estar concentrado na direção, se isola do resto, o cobrador não. 
Nós que passamos por isso duas vezes por dia já sofremos.Coitados, cada coisa que tinham que ouvir, ver, cheirar... 
Nem imagino como conseguiam dormir á noite.
Não agüentaram a pressão, o governo se mobilizou, foram substituídos por máquinas. 
E eu, ainda passageira, repito pra mim mesma:
_ Mim mesma, um dia ainda compro um carro!


Kelly Rodrigues

sábado, 29 de janeiro de 2011

Jesus, meu cartão de crédito.



“- Depois que eu aceitei Jesus minha vida mudou, eu tinha muitas dívidas e vivia passando por dificuldades, agora sou empresário bem sucedido, tenho carro novo, casa nova, tudo mudou.
-E o que o senhor falaria pra quem está em casa passando pela mesma situação?
-Venha para a igreja e Deus vai mudar sua vida e você nunca mais sofrerá por causa de dinheiro.”

Respiro fundo, abaixo os olhos, triste, desligo a tv. Me vendo exatamente na situação em que o entrevistador sugere o conselho. Precisando de dinheiro, enfrentando lutas na vida financeira.
Mas a tristeza não é por mim, é por ele. Eu tenho aprendido a viver pela fé, a ser fiel, a ser mais prudente e organizada, a adorar a Deus em todas as situações, e creio que melhores dias virão sim, com trabalho, oração, sem perder a alegria e sem perder o juízo.
 A tristeza é pelo evangelho torto, incompleto, que tem sido oferecido, por pessoas interesseiras, criando cristãos igualmente interesseiros. 
Recebemos tudo ,muito mais além do que merecemos, recebemos, amor, perdão, recebemos o sacrifício de Cristo e a salvação pela graça. Somos eternos devedores como a palavra diz.
E vejo a igreja, a igreja, que deveria pregar o evangelho que traz arrependimento, rendição, o morrer, diminuindo o homem para Cristo ser glorificado. 
Vejo a igreja pregar uma mensagem motivadora, que o homem tem direito de reivindicar, de cobrar, de espernear para que o Pai conceda todos os desejos do filho.E ponto. 

Não há pecado, não se fala mais em pecado, e o nome de Jesus, o precioso nome de Jesus, passa a ser usado como um validador para que seja liberada a minha requisição, o meu pedido, o meu sonho.
Como um cartão de crédito sem limite em nome do beneficiário.Deus é Deus, Ele pode e faz pobres saírem da pobreza, faz desempregados se tornarem empregadores, e isso eu sei como também sei que esses mesmos milagres não são nada comparados ao milagre de uma salvação.
De que adianta ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Quando Cristo deu a ordem do IDE para os seus discípulos, ele queria que cada um deles tivesse a responsabilidade de livrar almas do inferno, não de prometer e anunciar o “céu” na terra, na vida das pessoas.
Quanto mais desejamos as coisas do céu, menos desejamos as coisas do mundo.
Se a igreja continuar diluindo o evangelho para agradar os que ouvem, seremos culpados pela superficialidade de suas raízes, logo, o sol secará a fé deles.
No evangelho verdadeiro tem que haver mudança, de caráter, de vida, de modo que o desejo mais profundo e incontrolável, e constante no coração destes cristãos seja pedir...

PERDÃO!


Kelly Rodrigues


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O VÍCIO DA ROTINA


Estava com aquela vontade doida de fugir, correndo para qualquer lugar que fosse bem longe de tudo que fazia parte da minha rotina. 

Pensei comigo; não posso perder essa oportunidade...ahhh é agora mesmo que pego minha mala e minha cuia, seja lá o que signifique a cuia nessa história e vou morar na praia. 
De mala, cuia, mudança e tudo que tem direito. Tchau centro-oeste, olá nordeste, tchau cerrado, muito prazer litoral! Tudo é festa, vamos lá...uhuuu!
Tudo bem até aqui, mas o fundo musical alegre murcha de uma vez só;
- Bluuuuurgrlgrlglr....
Gente, o ser humano foi feito para viver numa rotina. Agente precisa, gosta, constrói, depende de uma rotina, e eu não estou dizendo marasmo heim?! Existe uma diferença. 

Falo da segurança que a rotina traz, do controle que temos quando está tudo ou quase tudo no devido lugar, saímos de casa quase fazendo o caminho de olhos fechados, compramos as mesmas coisas, no mesmo lugar, vemos as mesmas pessoas.
Como diz o meu apóstolo, quando gosto de uma coisa, vou com ela até o arrebatamento!
Agente reclama da chatisse que é fazer quase tudo igual, todos os dias, mas posso dizer pra você, que ainda está relutando em concordar comigo, nós gostamos.
Pois bem, não estou murmurando não, cidade linda, estou muito bem resolvida, obrigada Senhor! Mas é muita mudança de uma vez só e me vi assim com um olhar desconfiado, inseguro, igual ao filho que se perde no supermercado:
Onde é que eu tôooo, eu quero minha mãeeee!
O clima é diferente, o horário é diferente, a casa, as pessoas, o trabalho, o sotaque, a comida, hei cadê meu mundo? E aí eu sinto falta do previsível, pelo menos de uma dose pequena que seja.  

Fui á feira comprar farinha, farinha estranha, branquela, cheia de caroço, pelo amor de Deus, torra esse negócio direito e passa uma peneira, eu lá quero comer a farofa e engolir um dente junto?
Queijo minas fresquinho, nunca precisou, aqui é queijo cru, que de fresco não tem nada, eu que me senti uma fresca com a cara que o feirante me olhou.
Pamonha! Pronto, achei uma referência goiana uai.
-Pamonha de quê moço?
-Ôxe, como assim, di milho!
Pois é, aqui não tem "de sal" não, é só "de doce" e também não vem nada dentro não, queijo, lingüiça, frango nadinha é só a massa.
Amendoim cozido...eca, vem naquela casca mole babenta, é cozido mesmo.
Outro absurdo; a coca, não é de 600 é de 500ml pode?
A vogal “e”foi definitivamente aposentada, ou ela vem exageradamente acentuada ou é trocada descaradamente pelo “i”. E eu fico sofrendo já, com o que vão mangar de eu, porque sotaque pega, ah peeegaa, pior do que bocejo. Já até engoli alguns artigos.
Não é o João, é João num sabe, vice?
Não é a roupa da Maria, é a roupa di Maria.
E o sexy é ter bigodão...Paraíba que é charmoso mermo, tem um.
Então gente, resumindo, é bom estar em constante transformação, como pessoas, crescendo tal, é bom mudar algumas coisas na vida, o novo ensina, enriquece. Mas tudo de uma vez, não é moleza não, heim. 
Deus gosta, eu que sei, Ele gosta de colocar agente nessa, porque quando não sabemos o que, como, quando, costumamos humildes, pedir uma mãozinha para o Supremo. 

E aí é com Ele, é o ambiente perfeito para Ele, até deixou escrito, todo todo....”Eis que faço novas todas as coisas”.


Kelly Rodrigues

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Eu sou EGOÍSTA!!!!!!!!!


Como mastigar areia, é incômodo e intragável ter que admitir.
Eu sou egoísta, mais incômodo ainda porque eu não gosto desta terminação "ista" porque ela julga, define, rotula.
Mas tudo no meu miserável coração tende a girar em torno de mim mesma, e eu observo do centro, sem querer sair dali.
Eu quero tudo para mim, por minha causa. Tudo afinal de contas deve ser diagnosticado em; se eu estou bem ou não, se eu tenho ou não. No final de cada dia me pergunto, foi bom pra mim? Acho graça do trocadilho, mas uma graça sem graça, envergonhada, pensando agora, como sou pequena. Uma criança birrenta.  Quase todas as pessoas evitam falar de seus próprios defeitos, por qual motivo senão pelo ego?
 Eu me pego pensando que o ano foi bom, que sou privilegiada, afinal de contas tanta tragédia aconteceu por aí, e eu moro num país tropical abençoado por Deus e aqui, perto de mim, não desabaram cidades inteiras, ninguém que eu amo ficou soterrado, ou morreu vítima de violência, vítima de qualquer coisa, e isso é motivo de alegria, porque não foi comigo, ou com alguém que eu amo. Foi com um próximo mais distante...
Agora visto desta maneira nem há tanta alegria.
Lamento que a minha solidariedade só lamente.
Eu amo...
Até o meu amor é egoísta, porque me pergunto se entre ser feliz e vê-los felizes (sem mim), que escolha  seria verdade? Eu amo então? Quando sofremos, decepções e perdas sofremos porquê temos uma autopiedade, pela falta que sentiremos, pela frustração da expectativa e dos planos que o EU construiu, com aqueles e não por eles.
Eu os quero bem, porque eles me fazem bem e mais uma vez essa é a questão.
Mas eu faço o bem, tenho boas ações, acho indispensável , é ótimo ajudar o próximo, repartir, usar de gentileza, para ter uma consciência mais leve, mais em paz.
 Então o bem que faço também é para o meu próprio.
E estamos sempre insatisfeitos com alguma coisa, e nos convencemos que poderia ser melhor, que as coisas poderiam ser mais fáceis, a felicidade mais duradoura, tudo um pouco mais favorável para nós, como quem diz mesmo sem dizer; se eu fosse Deus faria melhor do que Ele.
Não estou mais pessimista neste texto, estou mais consciente, ainda assim inconformada tentando melhorar. Como Paulo um dia disse de si mesmo: Miserável homem que sou...
A moral da história é cinza. Não há orgulho em mim ao concluir, não sou assim uma alma falsa, sem coração e  insensível.  A reflexão  não é só sobre mim,  também não é sobre tudo em todos, mas é sobre todos, nós somos assim. Alguns admitem outros não, mas temos uma natureza egoísta, incapazes de nos importar com os outros, a ponto de nos colocarmos no lugar deles.
Subestimo e tiro o encanto das relações e sentimentos ou desvendo o feio por detrás do romance quer criamos? Você escolhe o ponto de vista, eu já acho saudável o questionamento.


Kelly Rodrigues.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Eta saudade...

Conheci há alguns anos uma pessoa que mudou completamente a minha vida. Daquelas que dividem entre  o antes e o depois mesmo. A primeira impressão que tive foi de uma mulher ranzinza demais para o meu gosto, de voz firme, lá no fundo um pouco doce, mas, só um pouco. Pensei comigo; melhor manter uma distância segura.
Foi assim nos tempos de meus primeiros passos com Cristo. Um dia a ouvi falar dele, e o jeito como ela falava deu vontade de saber mais, falava com um tom de voz intenso e apaixonado, como quem encontrou a razão para viver e para morrer.
Um jeito de falar, que eu não encontrei ainda em outra pessoa. Com uma voz grave, e  as sobrancelhas cerradas, parecia que estava muito, muito, brava,  ás vezes eu ficava ouvindo paralisada com medo de sobrar pra mim. Depois os olhos iam se enchendo de lágrimas e a voz de repente ficava aguda e chorosa, emocionada. Gesticulava o tempo todo e quanto mais se concentrava na oração, mais fechava os punhos ou apontava o dedo parecendo mandar em alguém. Eu mudei de idéia, tive que admitir que para quem queria manter distância, estava muito perto e vi que tinha sido uma boa decisão.
Uma mulher assim daquelas  que se sente á vontade dentro da própria pele, e eu também me sinto á vontade perto dela, mais do que com a maioria das pessoas. Cada vez que nos, separamos, tenho a sensação de ter tido a melhor conversa da minha vida, mesmo que eu tenha falado mais. Admito que é confortável ver nela alguns traços meus; é decidida, teimosa, personalidade forte, meio Pedro como costumamos falar. Mas foram as diferenças que me ensinaram mais; coração perdoador, altruísta, serva. Olhos voltados para ver sempre o bem em todos por menor que fosse.  O viver pela fé, viver de renúncias,  de doar-se, doar tempo, oração, roupa, sapato...
Mesmo de tão perto os defeitos que conheço não apagam as virtudes, nem ao menos as deixam nebulosas.  Uma memória defeituosa virou até motivo de diversão, assim como a soma incontável de celulares perdidos, de chaves perdidas, de dinheiro perdido.
Decorei versículos que passaram a ter a cara dela ás vezes quando leio até repasso o som da sua voz:
Gl. 5:22 ,de tanto me mandar foi o 1º que eu decorei, viver já é mais difícil.
 "Se levar uma alma ao arrependimento cobrirá uma multidão de seus próprios pecados". "Hei, rebeldia é pecado de feitiçaria, você não é feiticeira!"(Este eu ouvi demais). " No amor não há temos, antes o perfeito amor lança fora o temor"...
Me lembro que sofri um acidente e fraturei a perna, coisa feia. Bem na frente da casa da minha mãe, e a primeira coisa que eu pedi foi; Mãenhê liga pra Dri!
E ela foi correndo.  Uma espécie de segunda mãe que até fica em primeiro lugar em matéria de bronca:  "Ai, ai Dri não me bate!"
" Não fala isso, não fala aquilo menina". "Puxa essa blusa, fecha esse decote!" "Joga esse vestido azul fora menina!" (Doei tá Dri?).
E em primeiro lugar de folga também; "Me dá o bacon do seu sanduíche" "Desculpa, hoje eu comi feijão", " Olha a Sophia pra mim"? " Fica na salinha hoje?".
 E eu que não tenho palavra de jeito nenhum, vou de cara feia,  falando que é a última vez.
Agora, pra quem não conhece e não está entendendo nada, vou explicar; é que daqui, do outro lado do país, deu uma saudade grande demais, quase nem cabe dentro de mim. Achei que o texto poderia ser uma espécie de obrigada por tudo, eternizado.
Dri, te amo demais viu?  Obrigada, pastora, mãe, amiga, espero que eu  possa ainda te dar muitas alegrias.


Com amor Kelly Rodrigues.