segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Falta alguma coisa...

Sentir falta é uma dor chata, um incômodo constante, oscilante, ora suportável, ora ensurdecedor. Falta uma peça, alguém, um sentir, algo, um algo mais... E se falta algo, nada faz sentido, não funciona completamente. O paradoxo do quase... Porque quase? O que falta afinal?

Mas para a falta, nem sempre há resposta, não é saudade, saudade tem endereço certo com remetente e destinatário, sabemos de quê, quando ou de quem. Sentir falta geralmente é um ponto de interrogação perturbador, ou imensamente complexo ou absurdamente simples. Falta algo, falta pouco. Então se falta pouco é porque se tem muito, quase tudo. E sentir falta, olhar para este espaço vago é ainda sentir culpa pela própria insatisfação.  

A falta pode ser lógica ou ilusória, pode ser apenas uma cegueira parcial. Nesta, na verdade nada falta, sentimos falta por não enxergar que já temos tudo, ou melhor, que já temos o suficiente.
E a falta de algo pode ser uma estranha falta de si mesmo, e então o sentimento de uma vida incompleta, vem de algo dentro de nós que precisa ser sarado, superado, transformado para que os olhos tenham a visão real e exata do que temos á nossa volta.

Mas quando ela, a falta, realmente existe, quando há realmente o que se encaixar no vazio, não há como se distrair, a falta vai se impor insistentemente e consumir até ser saciada. O que preencher no vazio da falta? Seria apenas um seixo ou um diamante? O valor é medido com a intensidade e a urgência que ela nos imprime a insuficiência, a insatisfação.


Shakespeare disse que sofremos muito com o pouco que nos falta e aproveitamos pouco o muito que temos. Eu sinto que deve existir um equilíbrio inteligente entre ser um ingrato, cego e insatisfeito e um acomodado, inerte e infeliz.

Kelly Rodrigues.

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